Deus: Conceito e Provas Filosóficas de Sua Existência - Explorando a Inteligência Suprema

Deus: Conceito e Provas Filosóficas de Sua Existência

Tudo que se refere à espiritualidade está necessariamente ligado a um estado ou condição transcendental que relacionamos com uma entidade infinita, ilimitada e imortal.

A finalidade do misticismo espiritual é permitir a cada indivíduo conhecer-se melhor, para poder dominar seu destino e comungar com a Divindade, tal como ela se manifesta nele e em seu ambiente.

Se tantas pessoas tendem a humanizar Deus e defini-lo como um ser antropomórfico, é porque a primeira referência que têm à sua disposição para descrevê-lo limita-se a elas mesmas e ao mundo que percebem objetivamente.

Se admitirmos que todo efeito procede de uma causa, temos de reconhecer que a Criação, tal como se manifesta aos nossos olhos, é o resultado de um princípio original que tem relação com Deus.

Para muitos, Deus é a Inteligência Universal que concebeu o conjunto da Criação, sendo o Verbo Original a Vibração Primordial utilizada para produzir o mundo manifesto.

Para animar o universo, Deus insuflou uma alma em tudo que existe. É no ser humano que essa Alma Universal, que é virtualmente perfeita e absoluta, expressa o maior número de atributos divinos.

As mais belas virtudes da natureza humana, como o amor, a compaixão, a bondade, a sinceridade, a humanidade, o altruísmo, etc., são uma extensão da Sabedoria Divina, tal como o ser humano encarnado pode manifestá-la em seu comportamento quando atinge um nível de evolução suficientemente avançado.

O que difere entre os crentes é, principalmente, seu modo de conceber Deus, venerá-lo e aplicar em sua vida a fé que os anima, estando essas diferenças ligadas particularmente à influência que as religiões exercem sobre eles. Entretanto, se todos se comportassem em conformidade com os aspectos mais positivos de sua crença, a paz reinaria entre todos os povos e raças.

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Deus: Conceito e Provas Filosóficas de Sua Existência

Deus é frequentemente concebido como a inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas. A crença em algo superior é uma necessidade intrínseca, instintivamente alojada na mente humana, decorrente do axioma de que não há efeito sem causa. Embora Deus não se mostre diretamente, Ele se revela através de Suas obras.

A questão de Deus é um dos problemas mais complexos e fundamentais que pairam sobre nós, interligando-se intimamente com o destino humano, a vida individual e a vida social. O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e a vida, é essencial e necessário, pois é Ele quem nos sustenta, inspira e orienta, muitas vezes sem que percebamos.

Deus se comunica conosco através das múltiplas vozes do infinito. Esta comunicação não ocorre apenas por meio de textos sagrados escritos há séculos, mas através de uma "bíblia" que se escreve diariamente. Dentro de nós, existe um espaço íntimo, uma fonte profunda de onde podem emanar ondas de vida, amor, virtude e luz. É ali que se manifesta o reflexo, o germe divino, oculto em cada alma humana.

Ignorar ou desprezar a crença em Deus e a comunhão de pensamento que a acompanha seria desconhecer o que há de mais grandioso e desprezar as potências interiores que constituem nossa verdadeira riqueza. Seria pisotear nossa própria felicidade e tudo o que pode promover nossa elevação, glória e realização.

Não temos condições de definir Deus, pois definir é limitar, e isso revela a nossa fraqueza humana. O Ser que preenche o tempo e o espaço jamais será medido por seres confinados pelo tempo e espaço. Tentar definir Deus seria restringi-Lo e quase negá-Lo.

A existência de Deus é uma realidade comprovada não só pela revelação, mas também pela evidência material dos fatos. Mesmo povos que não tiveram revelações específicas acreditam instintivamente na existência de um poder sobre-humano. Eles observam fenômenos que transcendem as capacidades humanas e deduzem que tais coisas provêm de um ente superior à humanidade.

Importante ressaltar que Deus não é uma pessoa ou um ser antropomórfico, mas sim uma presença que transcende as limitações humanas, oferecendo inspiração e direção ao longo de nossas vidas.

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Atributos da Divindade

Os atributos de Deus, conforme podemos conceber, incluem ser eterno, imutável, imaterial, único, onipotente e soberanamente justo e bom. No entanto, existem aspectos que estão além da compreensão humana mais avançada, para os quais nossa linguagem não possui meios de expressão adequados.

Eterno: Deus não teve princípio e não terá fim. Se tivesse um começo, teria surgido do nada ou teria sido criado por um ser anterior. A eternidade de Deus implica que Ele sempre existiu e sempre existirá.

Imutável: A natureza de Deus é constante e inalterável. Se Deus estivesse sujeito a mudanças, as leis que governam o Universo não teriam estabilidade.

Imaterial: A essência de Deus difere de tudo o que chamamos de matéria. Se Deus fosse material, estaria sujeito às transformações que a matéria sofre, o que contradiz sua imutabilidade.

"Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos; caso contrário, seria matéria."

Único: A unicidade de Deus é uma consequência da infinitude de suas perfeições. Se houvesse múltiplos deuses, não haveria unidade de propósito ou poder na ordenação do Universo.

Onipotente: Deus possui soberano poder, pois é único. Se não fosse todo-poderoso, existiria algo tão poderoso quanto ou mais poderoso que Ele, o que significaria que Deus não criou todas as coisas.

Soberanamente Justo e Bom: A sabedoria providencial das Leis Divinas manifesta-se tanto nas menores quanto nas maiores coisas, assegurando que não se possa duvidar da Justiça ou da Bondade de Deus.

Esses atributos delineiam uma compreensão da divindade que, embora limitada pela nossa linguagem e percepção, busca capturar a essência do que acreditamos ser a natureza divina.

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Deus

Antero de Quental

(XAVIER, Frncisco Cândido. Parnaso de além-túmuo. 19. ed. 4. imp. Brasília: FEB, 2016)

Quem, senão Deus, criou obra tamanha,

O espaço e o tempo, as amplidões e as eras,

onde se agitam turbilhões de esferas,

Que a luz, a excelsa luz, aquece e banha?

Que, senão Ele, fez a esfinge estranha

No segredo inviolável das moneras,

No coração dos homens e das feras,

No coração do mar e da montanha?!

Deus!... somente o Eterno, o Impemetrável,

Poderia criar o imensurável

E o Universo infinito criaria!...

Suprema paz, intérmina piedade,

E que habita na eterna claridade

Das torrentes da luz e da harmonia!